terça-feira, 23 de abril de 2013

Aromas de Abril



    Manhã preguiçosa de outono, o céu azul e o vento geladinho confirmam a chegada da estação mais bonita do ano. A piscina dá lugar à varanda, a praia às montanhas e os peixes dão espaço às carnes vermelhas. Sai a loira gelada entra a cerveja escura. Aos pratos vão cremes quentes e molhos fortes. Maminha na cerveja, purê de batatas aromatizado e uma malzebier fresquinha formam um trio imbatível para um almoço sem grandes delongas na cozinha.

    A maminha é a parte mais macia da alcatra e uma vez li sobre ser importante sempre prepará-la com a própria gordura para assim manter sua suculência e, principalmente, seus nutrientes. Tudo isso casou com a minha melhor forma de cozinhar: sem adicionar nada a mais de gordura e sem perder muito tempo na cozinha.

    Aproveitando o clima perfeito para uma caminhada saio para buscar um pedaço de carne no açougue e alguns complementos na quitanda. Um suco e um pão na chapa na padaria, tudo bem leve pois o almoço promete. Uma boa banca de jornal, revistas embaixo do braço, um banco e um pit stop na praça. Na volta para casa, mercadinho, cervejinha do tipo preta, amendoins e castanhas, um quilo de maminha, 1cebola grande, 3 tomates, 1 quilo de batatas e um maço de manjericão e outro de alecrim.

    E o bom do clima fresco é o apetite sempre a postos. Sementes secas servidas, uma caneca de malzebier e uma boa companhia para temperar o clima na cozinha. As batatas foram descascadas, cortadas em quatro pedaços e mandadas para 2 litros de água ferventes já com uma colher de sopa de sal. Os tomates, também partidos em quatro partes, ficaram ao lado da panela esperando sua vez. A maminha foi inteira para a panela apenas com uma colher de café de cominho, outra de pimenta-do-reino, um ramo de alecrim fresco. Assim mesmo, sem mais nada, tampei a panela de pressão e deixei ali até 15 minutos depois de seu barulho inconfundível começar.

    Fiz esta mesma cara curiosa quando pela primeira vez ouvi sobre cozimento a seco na pressão. Sim, a carne tem tanta água e tanta gordura que é completamente dispensável adicionar qualquer caldo em seu cozimento. Um quarto de hora depois abra a panela e veja o puro sumo da carne totalmente ao seu dispor.

    Espete as batatas e estando bem molinha, escorra a água e as passe em um amassador. Corte as folhinhas de manjericão de forma bem miudinha. Derreta uma colher de manteiga e frite estas folhinhas por dois minutos. Espalhe a manteiga sobre as batatas, misture bem e junte duas colheres de requeijão sem gordura. Ajuste o sal.

    Tire o naco de carne e corte no tamanho desejado. Acenda o fogo baixo, adicione os tomates, a cebola em cubinhos e deixe tudo envolvido até corar e aí então derrube meia lata de sua cerveja preta naquela dourada mistura. Feche a panela, espere 5 minutos para todos os caldos se curtirem.

    O frescor desta estação me remete às lavandas. O verde pálido das folhas e a timidez do lilás de suas flores decoram as mesas e fazem um bom número na receita de outono. Providencie algumas para dispor nas taças de vinhos não utilizadas, disponha na mesa, abra a panela e sirva um belo pedaço de maminha regado com seu molho descansado ao lado de uma fofa porção de purê de batatas aromatizado. Encha o copo, respire o frescor de abril e bom apetite.

1 comentários :

Ana Guilam disse...

Hummmm salivante! :)

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